"Marcio é maravilhoso

Marcio é divino

Marcio é moço fino

Rufino é homem com olhar de menino

Marcio é decidido

Marcio é mestre, brilha no ensino

Marcio é guerreiro...

E nesse Emaranhado Rufiniano, quero me emaranhar."

(Camila Senna)















domingo, 30 de maio de 2010

O poeta Arnoldo Pimentel lança seu livro "Ventos na Primavera" no CCDonana.


Poetas na penumbra: Dida Nascimento, Fabiano Soares da Silva, Rodrigo Souza, Sergio Salles-Oigers, Arnoldo Pimentel, Henrique Souza, Vicente Freire, o poeta que vos escreve e Rômulo Pimentel.



Eu fui o mestre de cerimônias do evento.



Os integrantes do Pó de Poesia: Jorge Medeiros, Ivone Landim, Felipe Mendonça e o poeta que vos escreve.



O poeta Arnoldo Pimentel autografando seu livro "Ventos na Primavera".


Há dois anos atrás fundei com a poeta, professora de Literatura, arteterapeuta e ativista cultural Ivone Landim, o poeta, cantor, compositor e artista plástico Dida Nascimento,o poeta e orientador educacional Jorge Medeiros, entre outros poetas da baixada fluminense o grupo Pó de Poesia que de lá para cá vem realizando performances e leituras em bares, universidades, centros culturais, entre outros pontos alternativos do Rio de Janeiro. No dia 29 de maio de 2010, o grupo comemorou o lançamento do livro "Ventos na Primavera" do poeta belforroxense membro do grupo Arnoldo Pimentel. Editado pelo grupo Gambiarra Profana em parceria com a Folha Cultural Pataxó, o livro foi confeccionado de forma elegantemente artesanal e tem participação afetiva de poetas integrantes do Pó de Poesia e do Gambiarra Profana como o poeta que vos escreve, Ivone Landim, Sergio Salles-Oigers, Fabiano Soares da Silva, entre outros. O evento foi um sucesso e também contou com uma mostra de cinema do grupo CineRock e uma bela exposição de quadros da artista plástica Gabriela Boechat.

Leia o poema que dá título ao livro:

Ventos na Primavera

Olhei através
Da cerca de arame
E vi que no seu quintal
Brilha o sol
Que brilha no meu quintal

Um sol de igualdade
Apesar dos ventos
Apesar da sorte
Em saber amar
Através do olhar

Espero colher frutas
E repartir
Sentir as flores
E sorrir
No meu lado da terra

Espero colher na primavera
A semente que plantei
Através do olhar no arame
E sentir que o sol é o mesmo
Se o inverno passar

Arnoldo Pimentel



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Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.

Faltou Luz

Faltou luz na rua.
Estou na escuridão.
Estou nas trevas.
Estou no vácuo.
Refletindo o que me resta.
Que uma só estrela
não ilumina toda a terra.
Ouço vozes.
Vejo vultos.
Sinto pessoas.
Reclamando
cantando
conversando
xingando.
Busco um sentido.
Procuro um sentimento.
Viro um nó cego
na garganta do mundo
que me move parado no breu
e se divide
entre o medo e a volúpia
o receio e a malícia
o pavor e a luxúria
o terror e a cobiça.
O quero eu desse lugar?
O que quero eu de mim?
Porque permito que o que eu não quero
venha me humilhar
e rebaixar toda a idéia e vida
parida em fim?
Cada coisa tem seu tempo
firme ou nublado
limpo ou nuveado.
Não me preocupo com o que já era para ter chegado
mas com o que está para chegar.
No meio do nada
recobro um verde-esperança
vindo de um sonho azul-céu
trazendo a luz que volta, mansa-branca
dentro dos seus olhos castanhos de mel.


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terça-feira, 25 de maio de 2010

3º Edição do Sarau Cidade Atravessa


Clóvis Bulcão apresenta o evento.


Marcio Rufino


Leandro Jardim


Leonardo Fucks e Víctor


Valéria Martins


Aderaldo Luciano


Beatriz Bojo


Reynaldo Bessa


Luiz Roberto Guedes


Marcio-André, o poeta radioativo


Guilherme Zarvos é entrevistado por Paulo Scott


Na noite de 21 de maio de 2010 se deu na Livraria da Travessa, na Travessa do Ouvidor, no Centro do Rio de Janeiro, a terceira edição do sarau “Cidade Atravessa”. Uma parceria entre a Confraria do Vento e a Casa das Rosas. Liderado sempre pelos maravilhosos Marcio-André - o poeta radioativo -, Reinaldo Polito, Victor Paes e Claudio Marcondes e contando sempre com a charmosa apresentação do escritor Clóvis Bulcão, o evento foi um grande sucesso no qual tive a honra de participar – junto com outros poetas e artistas como Beatriz Bojo, Valéria Martins, Reinaldo Bessa, Leandro Jardim, Aderaldo Luciano, Luiz Roberto Guedes, Alex Hamburguer, Leonardo Fucks, entre outros – representando a poesia da baixada fluminense.

Abri o sarau com a leitura do manifesto do meu grupo literário, o Pó de Poesia de autoria da poeta e professora de literatura Ivone Landim. Imediatamente li dois poemas de minha autoria, sendo seguido pelo outros artistas e poetas já citados. Além da leitura de poemas e lançamento de livros de alguns poetas presentes, o sarau contou com a exibição dos curtas “Cidade-Reposta” do irrequieto poeta multimídia Marcio-André e “Janelas” de Marcela França. Uma bela entrevista do poeta Paulo Scott com o escritor e agitador cultural Guilherme Zarvos encerrou a noite.

É muito importante para mim como produtor de cultura participar de eventos como esses e interagir com companheiros de ofício de outras partes do país e do mundo. Para Marcio-André e os amigos da Confraria do Vento e da Casa das Rosas todo o meu agradecimento, meu abraço e meu carinho. Salve.


Assista o vídeo


domingo, 9 de maio de 2010

Gêmeas Amoroso-Vitelinas



Univitelinos – adj. Diz-se de gêmeos verdadeiros, gerados de um só ovo.

Maria Isabel ficou muito deprimida quando soube que não podia ser mãe. Seu grande sonho era ser mãe de duas gêmeas. Depois de semanas e semanas de muitas lágrimas e depressões, cansou de tanta tristeza e decidiu com o marido:

- Já que não posso parir minhas gêmeas com o ventre, vou parir com o coração!

No dia seguinte foi de braço dado com o marido visitar o orfanato mais próximo de casa. Duas recém-nascidas, cada uma de uma mãe biológica diferente, haviam acabado de chegar naquele mesmo momento. Maria Isabel quis ir vê-las. Uma era negrinha como a noite estrelada e os olhos pretinhos como dois pedacinhos de carvão. A outra era loirinha da pele alva e dos olhinhos azuis como o céu. Maria Isabel quando as viu pela primeira vez, percebeu uma coisa que ninguém havia notado nos bebês. As duas tinham o mesmo par de olhos arregalados, curiosos. Os mesmos olhos que apesar de serem de cores diferentes tinham o mesmo abuso, a mesma ousadia, a mesma má-criação de quem quer subir em todos os telhados e se infiltrar em todos os buracos possíveis. Nas duas boquinhas o mesmo sorriso livre de bacante. A mesma boquinha de Eva sem culpa. De Eva que além de comer o fruto proibido, ainda lança uma gostosa e inocente careta para o divino.

Diante daquelas duas criaturinhas, o coração de Maria Isabel se enterneceu. Ela sentiu uma sensação amorosamente estranha. Seus olhos em lágrimas denunciavam a chegada de duas velhas amigas, duas irmãs que uma vez nunca se vendo, já se sentiam invisivelmente. Maria Isabel sentia uma dor interior absurda. A dor imensa dos que cuja única condição da vida é amar incondicionalmente até o que se pensa não existir. Maria Isabel havia acabado de parir suas gêmeas com a alma.

Os quatro bracinhos e as quatro perninhas profanas rebolavam fogosas e excitadas no ar e abriam-se imensas para receber o amor daquela mulher. Um colorido se fez na vida de Maria Isabel que cuidou daquelas duas como cuidava do menino Jesus quando era menina; e ela fazia de conta que era a Nossa Senhora em época de natal, roubando a imagem do santinho da árvore para brincar com ele.

E esse mesmo amor transbordou entre as duas e passava de uma para outra como as águas de um rio entre duas pedras. Assim, Andréia e Adriana cresceram. Unidas em sentimento, amizade e carinho, mas também em dor, sofrimento e desilusão. No ato de comerem juntas, de estudarem juntas, de brincarem juntas. De uma defender a outra nas brigas; de dividirem as mesmas alegrias. O primeiro namorado; O sem vergonha do Carlinhos que queria namorar as duas ao mesmo tempo e das duas acabou apanhando, pois essas duas dividiam também os ódios. A dor de ter enterrado Maria Isabel, vencida pelo câncer. Os casamentos, os filhos e elas sempre juntas; até ficarem velhinhas. Eram mesmo gêmeas amoroso-vitelinas, pois foram geradas pelo mesmo ovo do coração.


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sábado, 24 de abril de 2010

Rumo à solidão


Não diga o que eu devia fazer.
Só escute, se for capaz, as minhas palavras mudas.
Ouça, se for capaz, a dor que eu sinto sem gemer.
Sinta, se for capaz, o segredo que eu tenho sem nunca sabê-lo.

Não diga que tudo irá dar certo
sem antes me apontar o caminho mais curto para a solidão
e não diga
que a solidão não existe,
pois é, na verdade,
o próprio caminho a se trilhar.

Eu já não tenho mais nada a fazer
a não ser atravessar essas portas fechadas
e chegar ao outro lado
com aquela falsa sensação de vitória.

E não há uma vitória sem uma gota de lágrima
mesmo que seja invisível.
E não há uma gota de lágrima sem uma dor
mesmo que seja fraca.
E não há uma dor sem uma mágoa
mesmo que seja esperada.
E não há mágoa sem a morte de qualquer coisa que se amava
mesmo que não seja física.

E o meu próprio-amor-próprio
é a invisível e fraca espera do não físico
do abstrato e diluído no espaço
que está por trás daquilo que é sólido.

E o que é a solidão
a não ser esse ser não sólido
que vive a nos espreitar
num canto da sala?

Mas não há um amor-próprio sem um egoísmo
mesmo que seja domado.
Mas não um egoísmo sem uma raiva
mesmo que seja calma.
Mas não há uma raiva sem um desejo de destruição,
mesmo que seja tolerante
de tudo aquilo que é humano.

E a minha tristeza
é o tolerante e calmo domínio
que tenho sobre tudo aquilo
que é desumano em mim.

E o que é o caminho
a não ser essa estrada insegura e torta
sobre o tapete colorido da sala?

Não esperava essa agressividade
em tua cara.
Não contava com esse pouco caso
em teus olhos.
Não aguardava essa arrogância
em tua casa.
Não pressentia essa decepção
em meu peito.

Agora deixe despedir-me de tudo aquilo
que é vibrante e claro em sua essência
para que não haja nenhuma saudade
do que eu não tenha visto nesta descendência.

E assim sigo rumo à solidão
que não é depressão
e sim o som de uma densa música
e seu refrão.
E assim sigo rumo à solidão
que não é suicídio
e sim a esperança de uma longa felicidade
e seu início.



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sexta-feira, 26 de março de 2010

Sarau Cidade Atravessa


Casé Lontra Marques, Paulo Scott, Tania Alice, Victor Paes, Andréa Stark, Marcio-André, Wladimir Cazé, Alexandre Moraes e Márcio Rufino.


Victor Paes, Clóvis Bulcão e Marcio-André



Suzana Vargas e Clóvis Bulcão


Na noite de sexta-feira do dia 19 de março de 2010, aconteceu na livraria da Travessa na Travessa do Ouvidor no Centro o sarau Cidade Atravessa. O Sarau contou com o lançamento do livro Macromundo de Wladimir Cazé e apresentção do poeta Clóvis Bulcão. O charmoso público da livraria pôde se deliciar com performances dos poetas Tania Alice, Suzana Vargas, Marcio-André, Victor Paes, Case Lontra Marques, Paulo Scott, Leandro Jardim e do próprio Wladimir Cazé. Eu estive lá e pude presenciar esse histórico evento cultural. Como podem ver nas fotos acima.

sábado, 13 de março de 2010

A Hora Livre


Talvez eu encontre uma hora livre
Para ser o que eu quero e fugir do mundo
Para me refugiar de tudo que me corrige
Até mesmo de um falso ensejo profundo.

Talvez eu encontre uma hora livre
Para me livrar da culpa de algum pecado
Que minha consciência quer e exige
Até de um delito que eu não tenha sonhado.

Talvez eu vire um semideus sensual
Que remova céus e montanhas
Em busca de uma alternativa natural
De lidar com minhas forças estranhas.

Talvez eu encontre uma hora livre
Num dado momento. Num dado instante
Num dado dia que a vida permite
Seja essa hora minha melhor amante.

Talvez eu vire o herói de uma história
Que, na verdade, ninguém quer contar.
Ou que seja publicado num livro de memórias
Livro este que ninguém quer comprar.

Ninguém quer conviver
Com seus horrores, anseios e lamentaçãos.
Ninguém quer reconhecer
Seus crimes, delírios e omissões.

Com certeza eu fugirei do futuro
Ou de qualquer outra coisa que eu tenha passado
Nas ramagens dessa opressiva bonança carmim.

Rubra da cor da minha centelha
Que gera todo tipo de incerteza
E eu beijarei todas as costas que estiverem voltadas para mim.

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