Agora que estou sozinho
Vou andar nu pela casa
E me masturbando
Para com meu sêmen
Fertilizar o chão empoeirado
Do banheiro e da sala.
Não vou limpar a casa,
Pois a poeira, filha do tempo
Foi minha companheira;
Testemunha do meu sonho
E desespero.
Foda-se que a vizinha
Do terraço da frente veja.
Ela que também se masturbe
Com o primeiro gargalo
De garrafa de cerveja
Que estiver na sua frente,
Pois minha casa virou
Meu templo, meu mundo
Onde agora sou deus
De sentimentos rasos
Ao mesmo tempo profundos;
Onde a canção de pano de fundo
É o canto agridoce e melancólico
De um querubim
Surdo e mudo.
Marcio Rufino
Imagem: Google images