"Marcio é maravilhoso

Marcio é divino

Marcio é moço fino

Rufino é homem com olhar de menino

Marcio é decidido

Marcio é mestre, brilha no ensino

Marcio é guerreiro...

E nesse Emaranhado Rufiniano, quero me emaranhar."

(Camila Senna)















quarta-feira, 4 de julho de 2007

Casantiga



É tão bom viver numa casantiga
No meio do mato
Entre verdes pastos
Sentindo uma brisa amiga.
Casa coberta de telhado
Pra quando a chuva cair
A gente melhor escutar.
Velho moço tocando violão
Pra quando avião passar
A gente nem olhar.
Grandes árvores
Dando gostosos frutos pra gente comer
E dos arranha-céus e das torres de babel
A gente se esquecer.
Feijão mineiro, arroz carreteiro, que amor.
Salada sem vida e sem cor de restaurante, que horror.
Uma galinha e seus pintinhos. Observo.
Para as mães não jogarem mais seus filhos no lixo
A Deus peço.
Morro alto pra gente se matar de subir
Pras escadas rolantes dos shoppings, num tô nem aí.
Leite fervido da vaca. Me acabo.
Leite em pó. Milk shake. Recusado.
Trotar de cavalos saudáveis puxando carroças. Legal.
Barulho de motores dos automóveis. Infernal.
Borboleta saindo de dentro da crisálida. Adoro.
Rato saindo de dentro do esgoto. Ignoro.
Na rede à tardinha, me ajeito.
O colchão duro e fino da cama, rejeito.
Pelas velhas lendas desta terra me interesso.
Estórias de Batmans e Rambos da vida desprezo.
É a natureza. A criação. A verdade.
A origem. A revelação. A identidade.
De um povo. Uma vida. Uma nação.
Uma cultura. Uma dignidade. Uma canção.
Perdidos no meio do nada.
No meio da caatinga.
No meio da estrada.
Dentro de uma casantiga.



Este poema faz parte do meu livro "Aldebarã & seus amigos" ainda em fase de gestação.

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4 comentários:

Adroaldo Bauer disse...

Retribuindo a visita, amigo, reli tua Casantiga, que é sempre gostoso de lembrar que à tarde a rede nos convoca ao poema.
Abraço e "uma boa hora" para Aldebarã,

Saramar disse...

Olá Poeta.
Desculpe-me a ausência.
O tempo anda tão curto, mal consigo visitar meus queridos.
Você também anda tão sumido!
Perdão, serei mais assídua na leitura dessas belezas que você escreve.

beijos, bom domingo.

Saramar disse...

Falei demais, e não disse o quanto o poema é maravilhoso.
Parece sonho e sonho deve ser, ficar assim, livre da cidade e seus cinzas, deitar-se na rede e contemplar a terra e suas lendas.
Que vontade que dá.

beijos

Anônimo disse...

Rulfiniano,

Gostei do movimento do poema, da mistura refinada, da coisa falada, sempre entre a a cidade e o sonho de refúgio, das vozes integradas ao fusco-fusco do poema, e da imagem que se constrói entre dura realidade e sonho. Abraços,