"Marcio é maravilhoso

Marcio é divino

Marcio é moço fino

Rufino é homem com olhar de menino

Marcio é decidido

Marcio é mestre, brilha no ensino

Marcio é guerreiro...

E nesse Emaranhado Rufiniano, quero me emaranhar."

(Camila Senna)















segunda-feira, 14 de julho de 2008

Louco Currículo






Quando o mundo foi feito



Eu era anjo mandado para cá



Para ajudar na arrumação das coisas



Depois virei cliente mesopotâmico



Depois virei escravo egípcio



Depois virei efebo ateniense



Depois virei cortesã romana



Depois virei serva feudal



Depois virei mercador renascentista



Depois virei escravo industrial



Hoje sou tudo isso ainda querendo ser artista



Sem casa, sem dinheiro



Só a vontade, só o sonho



So o devaneio, só a loucura



Mas nesse circo neoliberal



Que faz de mim palhaço



Eu navego em mares cansados



cansados de serem navegados



Mas nesse picadeiro aquecidamente globalizado



Eu não quero me cobrir em bandeiras



Me esconder em ideologias



Me enganar em filosofias



Pois eu só digo coisas que já foram ditas



E só escrevo coisas que já foram escritas.








sábado, 12 de julho de 2008

Ficções




Eu quero todos os sonhos



Eu quero toda as ilusões



Eu quero toda as mentiras



Eu quero toda as ficções.






Que venham os reis



Que se intrometam as bruxas



Que apareçam as princezas



Que renasçam os magos.






Vamos brincar de tudo



Que aceitemos as verdades lúdicas



Que trespassam o insosso da realidade



E sejam elas de utilidade pública.






Que o pensamento seja a máquina do tempo



E o chão palco abençoado



Onde nós atores indisciplinados



Captemos ondas de gozo e burilamento






Os personagens que ainda não nasceram



Se despregaram um dos outros



Onde até então se roçavam nus e inconscientes.



Que eles tomem pensamento, corpo e roupa.



E partam para a ação intensamente.






Não os conheço, mas eles já gritam em meu ouvido



Querendo que eu dê-lhes a luz com meus dedos e minha mente



E eu finjo que os ignoro, enlouquecendo-os



E eles me enlouquecendo num só gemido.






São piratas, prostitutas, imperadores,



Gays, padres e doutores.



Monstros, príncipes, bandidos,



Donas de casas, crianças e mendigos.






Anjos, duendes e anônimos,



Fadas, ninfas do bosque e demônios.



Malandros, homens sérios, falsos morenos,



Verdadeira louras, falsas virgens, nós mesmos.






sexta-feira, 11 de julho de 2008

A maior tecnologia da educação.


Me pediram para fazer um poema sobre tecnologia e didática
Mas há tantas provas, tantos estudos, tantos exercícios
Que não consegui realizar a proeza de forma assim tão prática.

Me pediram para fazer um poema sobre didática e tecnologia
Mas há tantos problemas, tantos pensamentos, tantas técnicas
Que mesmo tentando buscar em vários discursos, em diversas teorias
Não teve como atrair as palavras e organizar as métricas.

Mas quando o tema bate na porta do pensamento
E este sente o fusco-fusco da inspiração
Nascem divagações, fantasias e teoremas
Que tomam seus contornos e invadem a imaginação.

Pensei então na imprensa, filha de Gutenberg
Na expansão marítima das Grandes Navegações, mãe da globalização
Na "Belle Époque", filha da industrialização
Na aventura intelectual da internet.

Descubro que entre o desenho da letra no quadro negro à giz
E a pintura da parede de pedra na caverna
Há o instrumento, a máquina, a mola propulsora e natural
Que pela emoção, pelo ímpeto, pela ousadia
Cria as diversas linguagens e atinge suas metas.

Entre o retroprojetor e o data-show
Entre o dvd e o vídeo cassete
Há uma força geradora que a vida conclamou
E em nossos valores o caminho remete.

Entre a disciplina, a cultura e a preservação
Entre a sabedoria, o conhecimento e o encanto
Eis a maior tecnologia da educação
Que é o próprio elemento humano.

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Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Fim de festa




É bom me ver aqui feliz
nesse fim de festa
mesmo que isso não faça diferença.


É triste saber que houve os vencidos
nesses longos momentos vendidos
nestes grandes ventos medidos
dos mares do sul.


Mas danço com o ritmo da música.
Me olhando no espelho.
Controlando o grito do corpo.
Observando o movimento dos membros.


Busco em mim o que chamam sensual.
Trago em mim o que chamam natural.
Que toda vida tem,
que todo ser humano provem.


Solto o meu corpo pela imensa sala colorida de luzes de boate.
E o carnaval enxerga que o meu mal
não é nada perante essa mísera discórdia.


Sinto ainda ver cães, gatos e ratos
comendo na mesma mesa e no mesmo prato.
Rindo de nossas tragédias.
Chorando de nossa comédias.


Mostrarei o que guardava oculto em minha máscara negra,
pois sempre procurei em mim esse lindo beija-flor azul
dentro do horrível urubu que é o meu rosto ao nascer do sol.


Fui seqüestrado pela vida
e resgatado pela razão.
Não sou romântico, mas realista.
Não sou lúdico, mas otimista.


Lindo é saber que, apesar do desencontro,
fazemos todos nós parte do desequilibrado equilíbrio do meio ambiente.
E a morte do silêncio que vive entre nós
desgovernaria a harmonia existente,
destruiria a paz vigente
no fantástico universo da minha ilusão.


Agora vamos nos dar as mãos
e entrar nesta imensa roda
que o amor fez para nos unir.


E que minha luz clarividencie todo lado obscuro.
E que o mundo todo caiba em cima do muro
sem tamanho nem largura que é o coração de Deus.


Que venha uma chuva de água doce.
Tão doce como minha falsa lágrima
que corre deitada na pele
riscando o rosto e desaguando na boca.


Viva a redenção da vida.
Viva o sorriso da meretriz.
Viva a cicatriz da ferida.
O que a gente quer é final feliz.

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Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons.

terça-feira, 1 de julho de 2008

PROJETO BAIRRO-ESCOLA: semeando arte e cultura entre as crianças de Nova Iguaçú.



Há muito a Baixada Fluminense deixou de ser o enorme celeiro de violência do Rio de Janeiro como a mídia tanto conclamava nos anos 80. Desde fevereiro venho atuando como agente educador de cultura na escola municipal Orestes Bernardo Cabral, no bairro de Vila de Cava, do município de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro.

A iniciativa é do projeto bairro escola, realização do prefeito Lindberg Farias, visando aliar educação e cultura entre os alunos da Educação Básica das escolas do município. Intercalando as artes plásticas, a musica, o teatro, a dança e a literatura, artistas da região propõem alternativas de produção cultural onde as próprias crianças têm a oportunidade de criar obras artísticas como forma de reconhecer ou descobrir o próprio espaço onde atuam como sujeitos ativos e conscientes de todo o processo histórico-social.

Inspirado no discurso pedagógico do genial Paulo Freire, o empreendimento vem rendendo positivos e férteis frutos perante a comunidade iguaçuana como um todo. A democratização da produção artística e cultural conscientiza e promove o auto-conhecimento e com isso diminui ou ameniza a desigualdade e a violência. Se a vanguarda cultural realmente existe, talvez seu futuro esteja na periferia. Afrorregae e Nós do morro que o digam.